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Setor jurídico ainda busca estratégia clara para adoção de inteligência artificial

por Gilberto Silva
Advogado usando computador com interface de inteligência artificial

Inteligência Artificial no Direito: avanços e desafios

Um estudo global realizado pela Thomson Reuters com 2.275 profissionais do setor jurídico revela que apenas 22% das organizações têm uma estratégia clara para adoção de inteligência artificial. Apesar dos evidentes ganhos de eficiência, a maioria ainda implementa a tecnologia de forma pontual ou desorganizada.

Impacto na produtividade

Profissionais que utilizam IA devem economizar em média cinco horas por semana já em 2025, equivalente a um ganho anual de até US$ 19 mil por pessoa. Esse tempo extra permite dedicar mais atenção a tarefas complexas e de maior valor agregado para os clientes.

Marcus Valverde, sócio de um escritório de advocacia, confirma: “Hoje, as legaltechs oferecem soluções extremamente personalizadas para cada tipo de trabalho, o que nos permite canalizar melhor nosso tempo para questões mais estratégicas”.

Preocupações e cuidados

Antônio Carlos de Oliveira Freitas, diretor da AASP, alerta: “É preciso cuidado no uso dessas ferramentas, porque já vimos situações em que a IA inventou jurisprudências ou trouxe interpretações erradas da lei”. A associação acompanha de perto o debate regulatório sobre o tema.

Matheus França, do escritório Gaia Silva Gaede, destaca os riscos de vieses e uso indevido de dados sensíveis: “Apesar dos ganhos operacionais, é fundamental implementar a IA com governança e responsabilidade”.

Adoção no Judiciário

Dentro do sistema judiciário brasileiro, a adoção de IA é desigual. Projetos como o Logos (STJ) e a Apoia (CNJ) já estão em operação em diversos tribunais, mas a Procuradoria do Estado de São Paulo mantém cautela.

Júlio Rogério de Almeida Souza, representante da Procuradoria, explica: “Não dá para jogar informações sigilosas de processos em sistemas sem controle. A responsabilidade pelas decisões continua sendo do procurador”.

Regulamentação em andamento

O Projeto de Lei 2338/23, que regulamenta o uso de IA no Brasil, já foi aprovado pelo Senado e aguarda votação na Câmara. O texto classifica sistemas por níveis de risco e diferencia IA convencional da generativa.

“É essencial que o uso de IA seja transparente e que o cidadão saiba quando está diante de um conteúdo gerado por máquina”, defende Freitas, da AASP.

Desafios futuros

Steve Hasker, CEO da Thomson Reuters, alerta para os riscos da falta de planejamento: “As empresas precisam alinhar a tecnologia com suas prioridades. Só assim conseguirão inovação sustentada”.

O estudo estima oportunidade de desbloqueio de valor em US$ 32 bilhões só nos EUA com o uso de IA nas áreas jurídica e contábil. No Brasil, o caminho parece ser a implementação gradual, com atenção às particularidades do sistema jurídico nacional e às necessidades específicas de cada organização.

Enquanto isso, escritórios e departamentos jurídicos buscam equilibrar os benefícios da automação com a indispensável supervisão humana, ética e responsabilidade profissional que caracterizam a prática do Direito.

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