Esquina do Futuro aposta em eletropostos com recarga ultrarrápida e conveniência, mirando expansão nacional
O Grupo Farroupilha, uma holding gaúcha com faturamento superior a R$ 500 milhões em 2024, está revolucionando o setor de mobilidade com a criação da Esquina do Futuro, a primeira rede de eletropostos estruturada do Brasil. Liderada por Eduardo Costa, a iniciativa foca em postos de recarga para veículos elétricos, eliminando o uso de combustíveis fósseis e apostando em infraestrutura de recarga ultrarrápida, lojas de conveniência de alto padrão e operação própria. A matéria publicada pela Exame em 2 de julho de 2025 destaca como o grupo está se posicionando na vanguarda da transição energética, com planos de expansão ambiciosos, incluindo a entrada no mercado de São Paulo em 2026.
Contexto e Origem do Projeto
A trajetória do Grupo Farroupilha começou com Eduardo Costa, que, aos 17 anos, identificou uma oportunidade no início dos anos 2000, quando a proibição de propagandas de cigarros deixou empresas como Souza Cruz e Philip Morris com orçamentos de marketing ociosos. Costa propôs reformar lojas de conveniência em postos de gasolina, oferecendo espaço privilegiado nas prateleiras em troca de financiamento. Essa estratégia inicial permitiu a criação da primeira loja do grupo, que inclusive disponibilizava computadores com internet para os clientes, um diferencial para a época. Mais de duas décadas depois, Costa aplica a mesma visão inovadora na Esquina do Futuro, adaptando-se à crescente demanda por mobilidade sustentável.
Atualmente, o Grupo Farroupilha opera 32 postos de combustíveis tradicionais, 23 unidades da rede AmPm, 10 lojas de conveniência próprias (sob a marca Alegrow), 9 centros automotivos e outras seis marcas. A holding, sediada no Rio Grande do Sul, tem se destacado pela profissionalização de sua estrutura e pela diversificação de seus negócios, mas a Esquina do Futuro é o projeto que sinaliza a aposta do grupo na transformação do mercado de mobilidade.
Esquina do Futuro: Um Novo Conceito de Posto
A Esquina do Futuro é uma resposta direta à ascensão dos veículos elétricos no Brasil, onde o número de pontos de recarga públicos e semipúblicos saltou de 350 para mais de 12.000 em apenas quatro anos, impulsionado por incentivos de montadoras, startups e grandes grupos de energia. No entanto, Eduardo Costa enfatiza que a qualidade da infraestrutura é tão importante quanto a quantidade. Ele critica pontos de recarga mal mantidos, como os da Equatorial, onde, segundo ele, seis de dez carregadores estão abandonados. “Não adianta instalar se ninguém cuida. Isso é infraestrutura crítica, não é enfeite de calçada”, afirma.
Cada unidade da Esquina do Futuro é projetada com três pilares fundamentais: *segurança, *conveniência e estrutura operacional. A escolha dos locais é estratégica, comparada à seleção de um bom restaurante: “Tem que ser onde as pessoas querem estar”. As unidades oferecem carregadores ultrarrápidos, capazes de recarregar veículos em minutos, além de lojas de conveniência com padrão internacional, que incluem serviços e produtos voltados para o conforto do cliente. O investimento em uma unidade completa pode ultrapassar R$ 10 milhões, mas Costa garante que o retorno já é positivo, superando as expectativas iniciais.
Expansão e Desafios
A rede planeja alcançar mais de 50 unidades até o final de 2025, com a ambição de entrar no mercado de São Paulo em 2026. Esse crescimento ocorre em um contexto de aumento da concorrência e da possibilidade de guerras de preço no setor de eletropostos. Costa reconhece que apenas as operações mais eficientes sobreviverão: “Vai vir concorrência. Vai ter guerra de preço. E aí só quem operar bem vai sobreviver.”
O projeto também se beneficia do cenário favorável no Brasil, onde políticas públicas, como a Lei do Combustível do Futuro, sancionada em 2024, incentivam a descarbonização do setor de transportes. A lei prevê programas para biocombustíveis, como o diesel verde e o combustível sustentável de aviação, além de aumentar a mistura de etanol e biodiesel nos combustíveis tradicionais. Esses incentivos, aliados a investimentos privados de R$ 260 bilhões projetados pelo Ministério de Minas e Energia, criam um ambiente propício para iniciativas como a Esquina do Futuro.
Visão de Futuro
A Esquina do Futuro não é apenas uma rede de eletropostos, mas um símbolo da transição do Grupo Farroupilha para um modelo de negócios sustentável e alinhado às demandas globais por redução de emissões. Eduardo Costa, com sua experiência de mais de 20 anos no setor, demonstra uma capacidade de antecipar tendências e adaptar-se a mudanças de mercado. A iniciativa combina inovação tecnológica com uma abordagem prática, focada na experiência do cliente e na operação eficiente.
Enquanto o Brasil avança na liderança da transição energética global, a Esquina do Futuro se posiciona como um exemplo de como o setor privado pode contribuir para a mobilidade sustentável. Com uma visão clara e um modelo de negócios robusto, o Grupo Farroupilha está redefinindo o conceito de posto de combustível, substituindo bombas de gasolina por carregadores elétricos e conveniência de alto padrão, em um movimento que pode inspirar outras empresas a seguirem o mesmo caminho.[