Gilberto Silva
O crescimento dos FIDCs
A criação de Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) está em alta, com 1.185 novos fundos registrados nos últimos 12 meses. Dados da CVM compilados pela Vertrau mostram que a carteira de recebíveis da indústria cresceu impressionantes 80% nesse período, representando um avanço de R$ 37 bilhões.
Os fatores por trás do sucesso
Dionathan Henchel, sócio fundador da Vertrau, aponta três motivos principais para esse crescimento: a modernização do arcabouço regulatório, que trouxe mais segurança aos investidores; o aumento da popularidade do instrumento por meio do boca a boca entre empresas; e os avanços tecnológicos, que melhoraram a segurança das transações com criptografia de dados e assinaturas digitais.
Como funcionam os FIDCs industriais
Diferente de simples antecipações de recebíveis, os FIDCs industriais criam uma estrutura sofisticada que opera com notas fiscais e, em alguns casos, recebíveis de cartão de crédito. ‘A indústria vende para um varejista, e usa os recebíveis dessa varejista como meio de pagamento’, explica Henchel, destacando a eficiência do modelo.
Vantagens para as empresas
Os FIDCs oferecem juros menores que linhas tradicionais de crédito, além de benefícios tributários como isenção de IOF. Eduardo Sgobbi, CEO do Edan Finance Group, explica que quando o FIDC antecipa recebíveis, a operação é considerada investimento e não empréstimo, o que elimina a cobrança do imposto.
Perfil das empresas que adotam
Essa solução é mais viável para indústrias com faturamento a partir de R$ 100 milhões. Os custos envolvem taxas de gestão e administração entre 1,5% e 2,0% ao ano, além de uma comissão de estruturação que varia de 3% a 5% sobre o valor captado. Apesar de ser mais cara que algumas alternativas, a redução de IOF e os benefícios estratégicos compensam para empresas de maior porte.
Impacto no mercado de crédito
Os FIDCs estão transformando a forma como as indústrias concedem crédito a clientes e fornecedores. João Baptista Peixoto Neto, CEO da Ouro Preto Investimentos, prevê que ‘qualquer grande empresa que precise financiar seus clientes vai querer estruturar um fundo deste tipo’. O instrumento permite aumentar vendas, dar segurança aos fornecedores e incrementar o capital de giro.
Desafios para os investidores
Peixoto Neto alerta que os investidores precisam conhecer bem os FIDCs antes de aplicar seu dinheiro. ‘É preciso saber se é um fundo que financia venda de veículos, ou pequenas e médias empresas, para saber quais os riscos daquele segmento frente à economia’, explica. Essa análise setorial é crucial para evitar surpresas desagradáveis.
O papel da tecnologia
Apesar do crescimento expressivo, Henchel acredita que há espaço para mais avanços tecnológicos que simplifiquem os processos. Atualmente, os FIDCs envolvem diversos players como administradores, gestores e consultorias de crédito, o que pode tornar as operações complexas. Soluções digitais têm potencial para agilizar e baratear essas estruturas.
Comparação com outros instrumentos
Embora mais complexos que opções como a SCD (Sociedade de Crédito Direto), os FIDCs oferecem vantagens significativas para operações de maior porte. A possibilidade de customização das regras e a capacidade de atender a necessidades específicas das empresas os tornam particularmente atraentes para corporações estabelecidas.
Perspectivas para o futuro
O mercado de FIDCs ainda está em fase de maturação, mas os especialistas são unânimes em prever crescimento contínuo. À medida que mais empresas descobrem as vantagens do instrumento e a tecnologia simplifica sua adoção, espera-se que esses fundos se tornem ainda mais populares no financiamento industrial.
Regulação e segurança
A Resolução 175 da CVM, que entrou em vigor recentemente, trouxe mais transparência e proteção para os investidores em FIDCs. Essas mudanças regulatórias têm sido fundamentais para aumentar a confiança no instrumento e atrair novos participantes para esse mercado em expansão.
Casos de sucesso
Diversos setores já adotaram os FIDCs com resultados positivos, desde indústrias tradicionais até empresas de tecnologia. Essa versatilidade tem sido um dos grandes trunfos do instrumento, que pode ser adaptado para atender às necessidades específicas de cada segmento industrial.
