Gilberto Silva
As tarifas de 50% impostas pelo governo dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, anunciadas pelo presidente Donald Trump, podem ter um impacto maior nas companhias aéreas americanas do que na própria Embraer. A análise é de especialistas do mercado, que apontam a dependência das empresas aéreas dos EUA em relação aos aviões regionais fabricados pela empresa brasileira.
A Embraer é a única fabricante de aeronaves que atende às especificações da chamada ‘cláusula de escopo’, um acordo entre companhias aéreas e sindicatos de pilotos que limita o tamanho e o peso das aeronaves usadas em voos regionais. Sem alternativas no mercado, as empresas aéreas podem enfrentar dificuldades para substituir os aviões da Embraer.
Atualmente, a Embraer tem 181 pedidos firmes de companhias aéreas dos EUA para sua linha de jatos E1, que são essenciais para operações regionais no país. Com o aumento das tarifas, os custos para essas empresas podem subir significativamente, impactando sua rentabilidade.
Analistas destacam que a Boeing, principal concorrente da Embraer nos EUA, não tem capacidade para absorver a demanda no curto prazo, já que possui uma lista de espera com mais de 5.600 aeronaves encomendadas. Além disso, os modelos da Boeing não atendem às restrições de peso e tamanho exigidas pela cláusula de escopo.
Apesar do impacto inicial negativo nas ações da Embraer, que chegaram a cair mais de 8% após o anúncio das tarifas, especialistas acreditam que a medida pode ser revertida por meio de negociações diplomáticas. A empresa já declarou que está trabalhando com autoridades para restabelecer a alíquota zero para o setor aeronáutico.
Enquanto isso, o mercado acompanha de perto os desdobramentos da medida, que pode afetar não apenas a Embraer, mas toda a cadeia de aviação regional nos Estados Unidos.
