Estratégia da Fórmula 1 fora das pistas
A Fórmula 1 está promovendo uma transformação significativa em sua estratégia de mercado, indo além das competições automobilísticas e investindo em narrativas envolventes e parcerias com marcas de grande apelo popular, como McDonald’s, Lego e Disney. O objetivo é atrair um público mais jovem e diversificado, consolidando a categoria como uma marca de lifestyle global, que transcende o esporte de elite.
Parcerias com McDonald’s
Na América Latina, a Fórmula 1 se beneficiou de uma ação bem-sucedida com o McDonald’s, que lançou o combo “F1 – O Filme”. O menu temático incluiu miniaturas de carros de corrida estilizadas com as cores da rede e inspiradas no longa-metragem da categoria. A campanha foi um sucesso, com as unidades esgotadas em menos de uma semana. Mais do que promover o filme, a ação buscou criar uma conexão emocional com famílias e crianças, muitas das quais não têm vínculo prévio com o automobilismo.
Renê Salviano, especialista em marketing esportivo e CEO da Heatmap, destaca que essas parcerias visam gerar pertencimento. “A Fórmula 1 quer alcançar pessoas que não são fãs tradicionais, criando uma atmosfera envolvente que as motive a se engajar com o esporte”, explica. Ele enfatiza que o foco está em resultados mensuráveis, como maior exposição da marca e aumento nas vendas, com a entrada em novos mercados sendo um indicador estratégico.
Colaboração com a Lego
Outra parceria de destaque é com a Lego, que participou do Grande Prêmio de Miami em maio de 2025 com carros funcionais feitos de peças da marca, personalizados com as cores das equipes da F1. A ação ganhou grande repercussão nas redes sociais, mas seu impacto vai além da estética. “O esporte é uma ponte para conectar marcas a públicos apaixonados, promovendo valores e dialogando diretamente com novas gerações e seus pais”, afirma Bruno Brum, CMO da Agência End to End. A Lego aproveita essa conexão emocional para reforçar sua presença no universo esportivo.
Acordo com a Disney
A partir de 2026, a Fórmula 1 iniciará uma parceria global com a Disney, que incluirá produtos licenciados, experiências e ativações com personagens icônicos, como o Mickey Mouse. A colaboração une dois gigantes culturais, apostando em criatividade e inovação para engajar públicos de todas as idades. Thiago Freitas, COO da Roc Nation Sports, destaca a força do esporte na criação de momentos únicos: “O esporte oferece narrativa, tensão e competição, algo que outras formas de entretenimento não conseguem replicar. As pessoas buscam experiências, e o esporte é imbatível nisso.”
Impacto da série Drive to Survive
O marco inicial dessa transformação foi a série Drive to Survive, lançada pela Netflix em 2019. Ao mostrar os bastidores da F1, a produção humanizou pilotos e equipes, atraindo novos fãs e rejuvenescendo a audiência da categoria. Dados da Liberty Media mostram que a audiência entre torcedores de até 35 anos cresceu 44% em cinco anos, enquanto a média de idade dos fãs caiu de 36 para 32 anos. Além disso, mais de 4 milhões de crianças entre 8 e 12 anos acompanham a F1 na Europa e nos EUA, e a presença de torcedores com até 25 anos nas arquibancadas aumentou 21% entre 2021 e 2022.
Fábio Wolff, da Wolff Sports, explica que a série foi essencial para aproximar os fãs: “Mostrar os bastidores criou identificação e engajamento, resultando em autódromos lotados e faturamento recorde.” Ivan Martinho, professor da ESPM, complementa que o investimento contínuo em conteúdo para redes sociais, adaptado para cada plataforma, é a chave para manter essa nova audiência.
Um futuro além das pistas
Com essas parcerias, a Fórmula 1 busca se posicionar como uma marca cultural, presente no imaginário de crianças e adultos. A estratégia não se limita a aumentar a audiência ou as vendas, mas a criar uma conexão emocional que começa com um brinquedo, um lanche ou um personagem animado, levando novos fãs a se engajarem com o esporte. A F1 prova que, para conquistar as novas gerações, a velocidade nas pistas é apenas o começo.