O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, reuniu-se com dez ex-presidentes da instituição para discutir estratégias frente à escalada da taxa Selic e às críticas da base aliada do governo. A iniciativa ocorre em um momento de instabilidade econômica, com pressões para conter a inflação sem comprometer o crescimento.
Contexto de Crise
A taxa Selic, atualmente em patamares elevados, reflete a tentativa do Banco Central de controlar a inflação, que voltou a preocupar analistas. A decisão de manter juros altos, no entanto, gerou atritos com setores do governo, que temem impactos negativos no consumo e no investimento.
Galípolo, apontado como um dos principais nomes para suceder Roberto Campos Neto na presidência do BC, buscou conselhos de antecessores para equilibrar as demandas econômicas e políticas.
Lições do Passado
Entre os ex-presidentes consultados, nomes como Gustavo Franco e Armínio Fraga compartilharam experiências sobre crises anteriores, como a hiperinflação dos anos 1990 e a crise global de 2008. Segundo fontes, as discussões abordaram:
- Estratégias de comunicação para manter a credibilidade do BC;
- Controle inflacionário sem comprometer o crescimento;
- Gestão de expectativas do mercado em cenários de incerteza.
A troca de experiências visa fortalecer a atuação do Banco Central em um cenário de desafios fiscais e pressões externas.
Críticas da Base Aliada
A base aliada do governo Lula tem questionado, de forma velada, a política monetária atual. Parlamentares argumentam que os juros altos dificultam a retomada econômica, especialmente em setores como indústria e varejo. Galípolo, no entanto, defende a autonomia do BC e a necessidade de medidas impopulares para garantir a estabilidade.
Impactos na Economia
A alta da Selic eleva o custo do crédito, afetando consumidores e empresas. Relatórios recentes do IBGE indicam que a inflação acumulada em 12 meses está próxima de 5%, acima da meta de 3,5%. A pressão sobre o BC aumenta, enquanto o governo busca medidas para estimular a economia.
Para analistas, a consulta de Galípolo aos ex-presidentes demonstra um esforço para evitar erros do passado e construir uma estratégia robusta.
Perspectivas Futuras
A reunião com ex-presidentes pode sinalizar uma mudança na abordagem do BC, com maior ênfase em diálogo com o mercado e o governo. Especialistas sugerem que Galípolo está se preparando para assumir um papel de liderança mais amplo, caso seja indicado para a presidência do BC em 2026.
Enquanto isso, o mercado aguarda os próximos passos do Copom, que deve anunciar nova decisão sobre a Selic em breve. A expectativa é de manutenção dos juros altos, mas com sinais de flexibilização no médio prazo.